Em resposta a um artigo publicado no Facebook, em que se defendia a posição da Rússia em relação à guerra da Ucrânia, publiquei o seguinte comentário:
Recebi hoje uma mensagem a informar que o meu comentário foi eliminado por ser um incentivo ao ódio e, ainda por cima, fui castigado com dois dias de suspensão. Claro que nem lhes dei a confiança de lhes responder.
Será de perguntar: Na guerra da Ucrânia, de que lado (se é que pode tomar patido...) é que está o FaceBook?
Para matar o tédio em que nos encontramos todos nestes dias difíceis, ando a rever alguns filmes que tenho guardados em DVD. Calhou-me hoje o clássico do cinema a preto e branco, intitulado “Bruscamente no Verão Passado”, uma adaptação da peça com o mesmo nome de Tennesse Williams.
Com o desempenho magistral de Elisabeth Taylor, Montgomery Clift e Catharine Hepburn, somos confrontados com um drama psicológico intenso e profundo.
A acção decorre na decada de 50 do século passado e transporta-nos até aos meandros mais recônditos da mente humana. Na linha mestra do enredo está a pretensão de resolver uma hipotética doença mental através de uma lobotomia, técnica médica inovadora que afinal, não era tão promissora como se esperava...
Lobotomia é uma intervenção cirúrgica no cérebro em que são seccionadas as vias que ligam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas. Foi utilizada no passado em casos graves de esquizofrenia.
Em muitos casos, a lobotomia transformava os pacientes em vegetais ou simplesmente os tornava mais dóceis, passivos e fáceis de controlar.
Esta técnica foi desenvolvida em 1935 pelo médico neurologista português António Egas Moniz (1874-1955), em equipa com o cirurgião Almeida Lima, na Universidade de Lisboa. Egas Moniz veio a receber com este trabalho o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1949.
(Informação extraída da Wikipedia)
Foi na minha mocidade que li, emprestado por um meu irmão, "O Livro de San Michele" de Axel Munthe. Já nessa altura me impressionou pelo seu interesse, profundidade e intensidade.
O autor, um médico sueco, leva-nos até às profundezas quase misteriosas da medicina nos tempos de Pasteur e Charcot. Obra muito humana, onde a realidade e a ficção por vezes se misturam, numa combinação que prende o leitor.
Pena é que esta pequena maravilha literária tenha caído no esquecimento. Consegui finalmente adquiri-lo através de um amigo muito familiarizado com leilões pela NET.
Acabei de o reler e recomendo-o vivamente.
Teria eu uns 15 anos de idade quando li pela primeita vez o “GOG”, de Giovanni Papini. O livro fora-me emprestado por um dos meus irmãos mais velhos. Depois, nunca mais o vi em parte alguma, nem à venda. Embora pretendesse adquiri-lo logo que pudesse, nunca o consegui. Mas só agora, com a prestimosa ajuda de um amigo meu, perito em leilões de livros, é que consegui comprá-lo. É usado mas está em bom estado. Voltei a lê-lo de seguida o que, mais uma vez, me deu grande satisfação.
Gog é uma personagem fictícia, um excêntrico multimilionário americano que, aproveitando-se da sua incomensurável fortuna, dá largas à sua imaginação, acabando os seus dias num manicómio particular. E seria aí que entregou ao escritor italiano uma série de textos...
De leitura muito agradável, neste livro de Papini somos tansportados para um mundo visto literalmente do avesso.
Há quem diga que o humorista olha a realidade por um ângulo diferente. Neste ponto de vista, podemos estar em frente de um livro de humor. Mas não nos faz rir, faz-nos pensar.
De súbito, ouve-se um grande PUM na redacção do DN – Madeira. O que será? Foi a mulher da limpeza? Não, o PUM veio duma janela virada a leste.
Feitas de imediato as devidas averiguações, verificou-se que, no Santo da Serra, o general comandante da Zona Militar da Madeira tinha autorizado um civil disparar um tiro de salva. Para o efeito, foi utilizado um sacrossanto, mas obsoleto, canhão do Exército.
Crime, gritaram uns, sacrilégio, choraram outros! Um canhão militar foi conspurcado pelas mãos de um civil!
Mas o mais estranho foi que, o malvado PUM, que costuma a viajar à razão de 340 metros por segundo, demorou meio ano a agredir os tímpanos dos jornalistas. Teve, no entanto, o bom senso de esperar pelo reultados das eleições para, enfim, se fazer ouvir por quem de direito...
Era mais do que claro que a coisa não poderia ficar impune. Há que punir severamente o criminoso, há que lançar o alarme, com direito a parangonas na primeira página.
Com efeito, não há direito que se cometa tal dislate. As tropa pode ceder instalações para apoio a calamidades, fornecer refeições gratuitas às vitimas de incêndios e aluviões, transportar sinistrados, apoiar eventos desportivos, autorizar militares fardados a incorporar procissões e muitas coisas mais em proveito da população. Por outro lado, em Portugal, um governante, depois de descerrar uma lápide, pode perfeitamente largar a bandeira nacional para o chão. Mas um general, autorizar um PUM num torneio de golfe, isso é que não!
Para lá da demora em publicitar o caso (algo muito estranho, já que durante seis meses ninguém se manifestou nem se zangou), muitos dos pormenores envolvidos, para não dizer todos, são também muito estranhos.
Ao contrário da lentidão em se colocarem os factos na comunicação social, a demissão do General foi feita à velocidade da luz. E, mais estranho ainda, parece que já estava na calha um oficial general pronto para calçar os sapatos do defunto. Melhor dizendo, dois oficiais generais. Isto, diga-se de passagem, para comandar uma guarnição que, no seu todo, é inferior à da PSP, para não falar da dos bombeiros.
Estranho também foi a forma como se efectuou a demissão do general com uma folha de serviços brilhante. Nem sequer teve o direito inalienável de se defender. Foi linchado na praça pública. Diga-se em abono da verdade que, tanto quanto julgo saber, o general não infringiu qualquer código, regulamento ou ordem superior. Apenas tomou uma decisão, discutível certamente, mas que, pelos vistos, desagradou às mais altas chefias militares.
Inaceitável foi no entanto o papel algo sinistro desempenhado pelo DN – Madeira. Antes de publicar a notícia, tudo parece indicar que não houve o cuidado de contactar o visado. Por outro lado, a peça publicada não referiu a data do evento (li os textos e tive que consultar o calendário dos torneios do Clube de Golfe do Exército para o saber), o que decerto lhe causaria forte embaraço. Resumindo, tanto alarido por um PUM ocorrido há seis meses é no mínimo inconcebível. Logo...
Por fim, não contente com o mal que causou a um homem digno, permitiu este jornal, no dia 28 de Outubro, que se publicassem duas ilustrações chistosas a denegrir a sua imagem.
Nunca esperei tal comportamento de um jornal que, durante décadas, teve a coragem de enfrentar o todo poderoso Presidente do GR.
Nota: Um erro de ortografia dado por um jornalista não faz mal a ninguém...
Acabei de reler os "Os Mal Amados" de Fernando Dacosta.
Desde há muito que adquiri o hábito de reler os bons livros que tenho na minha modesta bilioteca. Faço-o quase sempre com agrado e este livro não foi excepção.
Fernando Dacosta é um grande jornalista e um grande escritor, pelo que me escuso a tecer comentarios sobre a sua pessoa.
Limito-me a sugerir a sua leitura. Muito útil, agradável e esclarecedora. Não percam.
Por Carlos Matos Gomes
A ameaça de condutores de camiões de combustíveis paralisarem o país assenta em vários falsos pressupostos. Vigarices que tornam a acção injustificável e sem credibilidade.
Os que deturpam a verdade, moldando-a aos seus interesses mesquinhos, ou tripudiam o ordenamento com interpretações tendenciosas, são verdadeiros contrabandistas, mais perigosos do que vulgares falsificadores, porque estes traficam mercadorias e assumem o risco da descoberta, enquanto os outros ofendem os valores sagrados da Justiça e movem-se com total impunidade.”
António Arnaut, in «Ossos do Ofício»
O padre catolico Jean Meslier (1644-1729) foi pároco de uma pequena povoação nas Ardenas francesas. Dedicado aos seus paroquianos, exerceu o seu ministério com rigor e dedicação, colocando-se sempre ao lado dos mais fracos.
Porém, não prescindiu de pensar pela sua cabeça, tendo escrito um livro com as suas conclusões. Livro esse que só deixou que fosse publicado após a sua morte...
O cartel dos enfermeiros
O que tem sido apresentado à opinião pública como uma greve decretada pelos sindicatos de enfermeiros pode ter outras leituras. Os profissionais de enfermagem tanto podem ser vistos como assalariados ou como empresários.
É que alguns (muitos? poucos?) são assalariados no serviço público e simultaneamente são empresários no privado, uns a título individual, outros como patrões de empresas prestadoras de serviços, outros ainda são assalariados no público e no privado.
Assalariados no público e no privado, assalariados no público e patrões no privado, empresários de sociedades anónimas e a título individual, no entanto todos se apresentam perante a opinião pública acolhidos debaixo do manto protector e facilitador de obtenção de reconhecimento público de “sindicatos” e todos invocam as leis do trabalho para justificarem ao “patrão” Estado as suas reivindicações de trabalhadores, de explorados pelo capital! Já quanto ao sector privado, onde são patrões, não há revindicações! Claro.
Ora, estes “sindicatos” onde se reúnem os interesses de patrões e assalariados são típicos do corporativismo! Portugal foi um Estado corporativo até ao 25 de Abril de 74. A contrapartida da consensualização de interesses do trabalho e do capital, arbitrada pelo Estado, é a renúncia à greve ou a sua proibição.
Estas corporações, de facto, sob a máscara de sindicatos, aproveitam-se do estatuto da greve enquanto trabalhadores para obterem lucros patronais! É o dois em um. A Ivone Silva fez uma rábula numa revista em que jogava com esta ambiguidade: segundo as conveniências de umas vezes Olívia Patroa e de outra Olívia Costureira. É esta rábula hipócrita e oportunista que os sindicatos de enfermeiros estão a representar, mas uma rábula macabra, que joga com a saúde e a vida dos cidadãos.
No presente, esta organização corporativa de patrões e assalariados na área da prestação de serviços de enfermagem, que até tem um fundo de maneio de origem anónima (talvez os enfermeiros patrões saibam alguma coisa) apresenta-se ao maior patrão, o Estado (os contribuintes), aquele que paga a base fixa e segura dos seus rendimentos, com a máscara dolorosa dos assalariados reunidos em sindicato para defenderem as suas justas revindicações, constitucionalmente garantidas a trabalhadores por conta de outrem. Chama-se a isto mamar em todas as tetas. É legítimo? É merecedor de consideração e respeito?
Vistos como empresários, os enfermeiros estão a agir em cartel. Sendo que “Cartel é um acordo explícito ou implícito entre empresas para fixação de preços ou cotas de produção, divisão de clientes e de mercados, de atuação coordenada entre os participantes para aumentar os preços dos produtos, obtendo maiores lucros, em prejuízo do bem-estar do consumidor.”
A dita “greve” dos ditos “sindicatos” corresponde a esta definição de cartel. E até à de cambão: isto é, a acção concertada para obterem a compra de determinados bens ao preço definido entre os elementos do cambão.
Não me parece que um governo, independentemente da sua matriz ideológica, deva aceitar negócios propostos por um cartel ou por um grupo de empresários que acertaram entre si um cambão. E toda esta mistificação sob o manto nada diáfano de sindicatos e de sagrados direitos… Isto, mesmo sem considerar que se trata de um bem essencial, a saúde e a vida dos cidadãos.
NB:- Os enfermeiros exigem: Reforma aos 57 anos e um aumento de 400€. Recorde-se que o vencimento na função pública é de: Mínimo de 1 201€ e máximo de 3 364€ e a carga horária 35 horas/semana.
Os enfermeiros negociaram contrato de trabalho no privado (boletim do M. trabalho nº. 26/2018), com as seguintes condições: Vencimento mínimo 985€; vencimento máximo 1 720€ e carga horária 40 horas/semanais
Obviamente, nota-se uma diferença entre uma entidade (pública) e a outra (privada)! Pergunta-se: Porque será, num sector (público) onde têm melhor salário e menos carga horária promovem greve e no privado não?
PRESÉPIO MINIMALISTA
LEMBRETE 12050
O presépio actual
Ficou tão minimalista,
Que mantém só o curral!...
Perdeu-se o resto de vista!...
LEMBRETE 12051
Deixou de ter o Menino,
Por questões de identidade!...
Dar género ao pequenino
Era ilegalidade!...
LEMBRETE 12052
O José e a Maria,
Sendo uns refugiados,
A Direita não queria
Que fossem cá abrigados!...
LEMBRETE 12053
Os Reis Magos são banidos
Por conflitos raciais!...
Também foram removidos
Pelo PAN, os animais!...
LEMBRETE 12054
Quanto ao ouro e à mirra,
Também eles desapareceram!...
Mas neste caso houve birra
Dos banqueiros, que os venderam!...
LEMBRETE 12055
Ficou, assim, reduzido
Ao estábulo natal,
Que irá ser convertido
Em alojamento local!...
17/12/2018 — Autor desconhecido
Os meus links