Estamos em presença de uma obra muito interessante, especialmente para quem pensa que ainda há cidadãos de primeira e de segunda. A sua recente publicação gerou um autêntico alarido com os defensores e detractores a gritar por todo o lado. Prefiro, no entanto, afastar-me da polémica e deixar que os leitores façam o seu julgamento.
Para melhor esclarecimento, junto um extracto do “epílogo”, com o qual me identifico completamente.
[...] Espero, caro leitor, que tenha gostado. Como certamente viu, as relações que estabeleci com as 42 figuras que povoam este livro não foram todas iguais. A empatia — ou a falta dela — estará patente no texto e às vezes é explicitamente assumida. Mas isso não significa parcialidade. Em todos os casos tentei ser justo e rigoroso. Não prejudiquei uns e beneficiei outros de acordo com as minhas simpatias ou antipatias: procurei tratar todos com igual isenção. Nos jornais que dirigi tinha até fama de, à força de querer ser imparcial, prejudicar as pessoas que me eram mais próximas.
[...]
No momento em que me retiro de cargos executivos no jornalismo, senti a necessidade de partilhar com os interessados essas vivências. Seria porventura egoísmo guardá-las só para mim e para o meu círculo próximo.
Uma última nota: um livro deste tipo só tem sentido se o autor se dispuser a contar tudo o que ouviu dos seus interlocutores, e relatar tudo a que assistiu, e que julgue ter interesse público. Assim, como o leitor reparou, há no texto revelações duras e outras que roçam a violação da privacidade. Mas, insisto, é o preço a pagar por uma iniciativa como esta. Só guardei para mim aqueles segredos cujo interesse público, em meu entender, não mereceria os danos que a sua divulgação poderia causar.
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