CONTRA OS ABUSOS DO PODER VENHAM DONDE VIEREM
Segunda-feira, 20 de Novembro de 2006
Pequeno ensaio sobre a estupidez.

Copista

 

   O que aparece neste blog não serve de exemplo. Pelo menos, não é essa a minha intenção. Mas pode servir para exemplificar. E é o que vou fazer de seguida.
 
   Na minha nota anterior cujo título é “Aconteceu em Graz” achei por bem documentar-me acerca da bela cidade austríaca que dá pelo nome de Graz, uma vez que a minha visita ocorreu há vários anos. E, para o efeito, socorri-me de uma enciclopédia, das várias disponíveis na Internet. Neste caso, servi-me da Wilkipédia.
   A partir daqui, tinha três opções:
  1. Inserir o conteúdo que me interessava, tal como aparece na referida enciclopédia, mas tendo o cuidado de o escrever em itálico e referir a sua origem;
  2. Copiar esse conteúdo (com ou sem pequenas adaptações) e incluí-lo no texto como se fosse da minha lavra;
  3. Ler e interpretar o conteúdo e escrevê-lo com palavras minhas.
   A primeira opção, não oferece quaisquer dúvidas quanto à honestidade e permite até que o leitor verifique a informação, se assim o entender. A segunda é manifestamente desonesta e nem merece quaisquer comentários. Quanto à terceira, não sendo propriamente desonesta, não deixa de ser mesquinha, porque sugere a intenção de o autor mostrar uma sapiência que não tem…
   Porém, de tudo o que aqui foi dito, ressalta o facto de a segunda e terceira opções não acrescentarem qualquer brilho ou prestígio nem ao texto nem ao autor, mesmo que a sua artimanha nunca seja detectada. É uma atitude arriscada, leviana e gratuita.
   Quanto a mim, a que mais beneficia o texto, é a primeira. Mostra honestidade e cuidado na elaboração do trabalho. E dá ao autor maior credibilidade.
   Resumindo, pode dizer-se que as duas últimas modalidades não passam de uma estupidez rematada. É triste. Mas, como se sabe, por vezes acontece...
 


publicado por Fernando Vouga às 16:00
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6 comentários:
De Mauro Maia a 20 de Novembro de 2006 às 21:37
Dependerá, a meu ver, caro «deprofundis», do que é referido e do formato em que é feito. Referir factos concretos, contidos numa multitude de fontes diferentes, parecer-me-á, em muitos casos, um exercício fútil (podendo levar a extremos como citar a página do livro de Ciências do 5º ano onde vimos pela primeira vez descrita a função dos oócitos). Claro que se se trata de uma investigação recente, descoberta por um grupo específico, parecer-me-á extremamente relevante, em especial ao relatar as experiências conduzidas. A quem devemos referir o conhecimento do facto de que a Terra orbita em redor do Sol e que a Lua é um seu satélite? A interpretação feita a partir desses factos, juntar um punhado de pérolas factuais e compor um colar interpretativo parece-me um exercício mais pessoal e esse indiscutivlmente a citar. Colocar um poema sem o seu autor, meditar sobre o dicotómico papel da Ciência no século XX copiando análise alheia não referida parece-me, concordamos em absoluto, errada. Claro que quem faz uma tese de mestrado ou prepara um trabalho científico colocará todas as interpreações sobre factos pontuais feitas por outros e relevantes para o trabalho em causa. Mas se, num jornal, se descreve a adesão a uma greve, ou se descreve os movimentos eleitorais de um país ou se publicam simples notícias, parece-me altamente conflituoso com o papel de um jornal que é o de ser acessível para uma vasta maioria das pessoas, referir todas e quaisquer fontes que levaram à interpretação feita. Quando referem factos enunciam-n simplesmente, tratando-se de uma interpretação lá virá o «Segundo a Agência Reuters...». O caso que anteriormente referiste do livro «Equador» de Miguel Sousa Tavares, que é uma cópia, traduzida para Português, será um caso de apropriação de uma interpretação pessoal de um autor por parte de outro. E quem fala em jornais fala em blogs...


De Fernando Vouga a 20 de Novembro de 2006 às 22:32
Caro Mauro
O "Equador" de MST não é uma cópia. O livro em si é, quanto se sabe, original. O autor apenas utilizou partes do texto de outro livro de uma forma que acho imprudente e abusiva. Ou seja, apresentou como suas partes do texto que, mutatis mutandis, foram escritas por outrem.
A meu ver, a opção correcta seria estudar o texto original, formular uma opinião própria e desenvolvê-la na sua obra. Assim, o que estaríamos a ler seria resultante da opinião pessoal do MST sobre o assunto. O que é diferente.
É evidente que, num romance, não é adequado meter notas de roda pé ou itálicos. Pelo que a única forma de contornar o problema é não o criar. E há, como se costuma dizer, muitas maneiras de caçar pulgas (que nem sempre são fáceis...). A utilizada parece-me uma estupidez desnecesária.


De Mauro Maia a 21 de Novembro de 2006 às 10:45
Terei percebido então exageradamente o nível de igualdade entre os livros citados. Claro que se a questão fosse meramente os locais onde decorre a acção seria uma situação diferente de parte do enredo ser textualmente igual. Talvez, em termos puramente ficcionais, se pudesse contorna a questão colocando uma das personagens a ler o livro utilizado... Mas levanta-se uma questão pertinente: o que é classicável como sapiência. Será mais sapiente uma enciclopédia de factos ou a pessoa que, utilizando os factos nela contidos, os liga e forma um todo coerente?


De tron a 22 de Novembro de 2006 às 23:21
o sócrates quer bailinho e cicuta


De Anónimo a 29 de Março de 2007 às 08:16
http://www.uab.edu/cordweb/test/phpBB2/files/hot-chick-video-ntr/


De Anónimo a 1 de Abril de 2007 às 19:00
http://www.uab.edu/cordweb/test/phpBB2/files/hot-chick-video-young-wgx/


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