Olhó balão!
Em tempos que já lá vão, publiquei neste blogue (ver arquivo de Maio de 2006) uma pequena nota sobre a prodigalidade da Natureza nesta formosa Ilha da Madeira. Com efeito, não há obra embargada, lixo, escombros, ruínas, arriba, entulho, baldio, que, em oucas semanas não seja invadido por um manto de vegetação pujante e trepadeira. Este, na época da floração (que aqui dura o ano todo) forma um autêntico tapete de belas flores dos mais variados matizes e formas.
Pois agora, a mesma Natureza mostrou toda a sua força de forma bem diferente. A história começou tempos atrás com a instalação em pleno centro do Funchal, junto à praia, de um desmesurado balão cativo para deleite “oftálmico” dos turistas mais abastados (os bilhetes são caros) e, porque não dizê-lo, para os proventos dos proprietários. Um mostrengo deselegante de subir e descer preso por um cabo.
Decerto que a vista lá de cima é aliciante mas, numa ilha onde todo o tempo é pouco para apreciar tantas maravilhas há muito existentes, não se justifica tal atentado à beleza citadina da capital madeirense. Os protestos foram muitos, chegando-se ao ponto de o Diário de Notícias da Madeira incluir esta aberração num concurso de mamarrachos onde os leitores votaram numa eleição animada. O balão não ganhou o primeiro lugar, mas obteve uma classificação assaz (des)honrosa.
Pois no passado domingo, a tal Natureza fartou-se do vexame e, como este já durasse há demasiado tempo, não esteve com meias medidas. Com um sopro de vento mais atrevido, desfez o balão em farrapos.
Porém, para nossa desgraça, os donos do malogrado aparelho aéreo já nos ameaçaram com a sua reparação. O que me preocupa pouco. Estou certo que a mãe Natureza se vingará, as vezes que forem necessárias, dos atentados que lhe fizerem nesta terra.