Na segunda-feira, na sua habitual intervenção televisiva, o antigo ministro e deputado europeu António Vitorino, referindo-se ao discurso de Ano Novo do Presidente da República, afirmou que não é por causa de umas trezentas pessoas receberem ordenados chorudos que a nossa economia está a ser afectada.
Ao fazer coro com os seus colegas moralistas da “Quadratura do Círculo”, mostrou que, também ele, não quererá desagradar a uns quantos poderosos. A menos que já esteja instalado à gamela ou à espera disso.
Mas, o que mais se estranha, é ver um homem inteligente a usar uma argumentação que, diga-se em abono da verdade, não lembra ao diabo. Encurtando razões, com este tipo de raciocínio, podemos concluir que se pode fazer todo o tipo de pulhices se, em termos percentuais, o valor não for muito significativo. A questão moral não se põe.
E é por estas e por outras que o país continua ingovernável. Porque a credibilidade dos políticos é a mesma dos vendedores de banha de cobra e já ninguém acredita em ninguém.