De súbito, ouve-se um grande PUM na redacção do DN – Madeira. O que será? Foi a mulher da limpeza? Não, o PUM veio duma janela virada a leste.
Feitas de imediato as devidas averiguações, verificou-se que, no Santo da Serra, o general comandante da Zona Militar da Madeira tinha autorizado um civil disparar um tiro de salva. Para o efeito, foi utilizado um sacrossanto, mas obsoleto, canhão do Exército.
Crime, gritaram uns, sacrilégio, choraram outros! Um canhão militar foi conspurcado pelas mãos de um civil!
Mas o mais estranho foi que, o malvado PUM, que costuma a viajar à razão de 340 metros por segundo, demorou meio ano a agredir os tímpanos dos jornalistas. Teve, no entanto, o bom senso de esperar pelo reultados das eleições para, enfim, se fazer ouvir por quem de direito...
Era mais do que claro que a coisa não poderia ficar impune. Há que punir severamente o criminoso, há que lançar o alarme, com direito a parangonas na primeira página.
Com efeito, não há direito que se cometa tal dislate. As tropa pode ceder instalações para apoio a calamidades, fornecer refeições gratuitas às vitimas de incêndios e aluviões, transportar sinistrados, apoiar eventos desportivos, autorizar militares fardados a incorporar procissões e muitas coisas mais em proveito da população. Por outro lado, em Portugal, um governante, depois de descerrar uma lápide, pode perfeitamente largar a bandeira nacional para o chão. Mas um general, autorizar um PUM num torneio de golfe, isso é que não!
Para lá da demora em publicitar o caso (algo muito estranho, já que durante seis meses ninguém se manifestou nem se zangou), muitos dos pormenores envolvidos, para não dizer todos, são também muito estranhos.
Ao contrário da lentidão em se colocarem os factos na comunicação social, a demissão do General foi feita à velocidade da luz. E, mais estranho ainda, parece que já estava na calha um oficial general pronto para calçar os sapatos do defunto. Melhor dizendo, dois oficiais generais. Isto, diga-se de passagem, para comandar uma guarnição que, no seu todo, é inferior à da PSP, para não falar da dos bombeiros.
Estranho também foi a forma como se efectuou a demissão do general com uma folha de serviços brilhante. Nem sequer teve o direito inalienável de se defender. Foi linchado na praça pública. Diga-se em abono da verdade que, tanto quanto julgo saber, o general não infringiu qualquer código, regulamento ou ordem superior. Apenas tomou uma decisão, discutível certamente, mas que, pelos vistos, desagradou às mais altas chefias militares.
Inaceitável foi no entanto o papel algo sinistro desempenhado pelo DN – Madeira. Antes de publicar a notícia, tudo parece indicar que não houve o cuidado de contactar o visado. Por outro lado, a peça publicada não referiu a data do evento (li os textos e tive que consultar o calendário dos torneios do Clube de Golfe do Exército para o saber), o que decerto lhe causaria forte embaraço. Resumindo, tanto alarido por um PUM ocorrido há seis meses é no mínimo inconcebível. Logo...
Por fim, não contente com o mal que causou a um homem digno, permitiu este jornal, no dia 28 de Outubro, que se publicassem duas ilustrações chistosas a denegrir a sua imagem.
Nunca esperei tal comportamento de um jornal que, durante décadas, teve a coragem de enfrentar o todo poderoso Presidente do GR.
Nota: Um erro de ortografia dado por um jornalista não faz mal a ninguém...
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