Acabei de reler "A Morgadinha dos Canaviais" de Júlio Diniz. Obra literária que li na juventude, mas na qual apenas me interessou pelo enredo. Enfim, pareceu-me uma historieta com o inevitável triângulo amoroso com um final feliz. Estou certo de que nessa altura, passei à frente sem ler muito do que o autor nos quis revelar.
Mas agora tive uma agradável surpresa. Convencido de que iria deixar o livro a meio, acabei por me interessar pela leitura e não perdi uma vírgula sequer. O romance transportou-me a tempos antigos, numa intriga verosímil, muito bem urdida e com personagens — umas redondas e outras planas como convém — credíveis e convicentes. Um autêntico banho perfumado para a mente. Que delícia!
À parte da estória, Júlio Diniz aproveitou por nos revelar, com grande mestria e subtileza, os bons e os maus aspectos da vida no Portugal do Século XIX, tendo como cenário uma remota aldeia do Minho.
E o mais curioso é que a sociedade de então pouco difere, na sua essência, da actual, em que todos nós nos queixamos das habilidades de uma política conduzida por gente interesseira, desonesta, hipócrita, e mentirosa.
Afinal, o mal já vem de longe...
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